20130415





" MIA " MARIDOS DAS INTERNAUTAS ANÔNIMOS


Sempre incentivei minha esposa, como todos, a entrarem na era do computador. Ela resistiu muito. Computador era bicho feio, perigoso, monstruoso. Mas acabou aceitando.
No início foi ótimo. Até que um dia abençoado, ela começou aperfeiçoar-se, fazer cursos, entusiasmar-se cada vez mais, equipar melhor a máquina, multimídia,  etc. Em seguida veio a conexão à Internet.
Aí começou a preocupação com a conta telefônica. Piorou com as salas de bate-papo.
A maioria em vão, diga-se de passagem, para jogar conversa fora, mas fora mesmo. Comecei a ser um ser estranho, pois não era virtual.
Para diminuir a conta do telefone,veio a solução como faziam muitos  outros: conectar sábados, após às 14 horas, domingos e feriados. Até aí tudo  bem.
O duro foi quando não podia mais ficar a semana toda sem falar com os maiores amigos. Solução: conexão após às 24 horas. Passei a dormir tarde e depois sozinho.
Felizmente para mim, as salas de bate-papo começaram a cansar, encher o saco mesmo e ela foi se afastando, até desistir delas. Evoluiu, descobriu, aprendeu e começou com o ICQ, o "ODIGO" e o "COMVOCÊ". O papo foi limitado aos amigos mais chegados. Pensei: "agora vai diminuir o tempo de conexão, papo com menos gente". Puro engano. O menor número nesse caso, é inversamente proporcional ao tempo. É até lógico, concluí. Com amigos se conversa mais. Agüenta... Como fazer?
Ouvimos sobre a existência de conexões com taxa mensal fixa, que permitem conexão 24 horas por dia.
Pelo menos podemos saber o valor da conta antecipadamente. Engano.
Até hoje estamos esperando as tais chegarem à nossa cidade mas tenho esperança que chegarão antes de falirmos.
Enquanto tentamos baixar a conta, continuamos, eu e todos os maridos de esponautas (esposas internautas), tentando comunicarmo-nos com elas, sem estarmos conectados à internet e em nada mais...
Eu já consigo algumas respostas pois quando tento falar com ela, ouço, depois de algum tempo, sem me olhar e nem me dar atenção: "péra um pouco".
Fico feliz, pelo menos é uma resposta, até com algum conteúdo. Antes era "hum hum",que servia para qualquer pergunta. Depois de tanto eu imitá-la e criticá-la, mudou para "péra".
Agora pelo menos tenho resposta mais convincente.
O tal do "péra um pouco", mesmo sendo resposta padronizada para qualquer pergunta, dá uma brecha para minha imaginação. Às vezes sinto um "pééééra" romântico, outras vezes, o "um pooouco" até sensual. Fico pensando qual será a próxima maneira de responder. Talvez "à mineira", o "sei não",ou então "à baiana", o "ééééé".
Bom, na verdade estou exagerando pois já evoluímos nos diálogos. Conseguimos conversar como se estivéssemos no ICQ: ela está; eu, nem no computador. Então pergunto algo, tipo, você vai jantar?
Depois de dois minutos, mais ou menos, ela responde: vou. Mas é um vou com  todas as letras. Aí faço a seguinte: quando? Depois de certo silêncio: já. É só esperar o já acontecer (jantando sozinho de preferência). Tentei descobrir qual o link que deveria clicar, para ela me aparecer inteira ao vivo, mas não consegui; ninguém soube me ajudar.
Foi então que pensei nos outros maridos de esponautas, e imaginei que poderiam  saber como lidar com suas esposas, já que provavelmente teriam passado o que eu estava passando.
Surgiu a idéia genial: reunir esses maridos.
Estou criando a "MIA" - Maridos das Internautas Anônimos.
Uma associação sem fins lucrativos com objetivos voltados a ajudar e prestar esclarecimentos aos maridos quanto a problemas advindos da "era do computador de esposas",tais como: financeiros, emocionais, psicológicos e eventualmente psiquiátricos. Os maridos que se interessarem devem clicar no link com o e-mail da minha esposa e preencher a ficha. Não adianta mandar e-mail para mim pois, fico tanto tempo sem vê-los, que sempre os perco por cancelamento do provedor. É que nunca sobra uma horinha vaga (ou minutos) no computador. O mais difícil, na organização da "MIA", está sendo arranjar um meio se nos reunirmos, uma vez que já existem maridos de todas as partes do Brasil, e até alguns espalhados pelo mundo, interessados em participar.
Estou com um péssimo presságio que acabaremos nos reunindo via internet, pelo ICQ, ODIGO, COMVOCÊ etc. Espero apenas que nunca em salas de bate-papo. Fazer o quê, né? Coisas do mundo globalizado!

                          
(QUEM É O AUTOR? ATE AGORA É AD)

Imagens encontradas na internet, autor pode pedir pelos devidos créditos

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