Nas minhas andanças - Doenças são sempre alertas
Bom dia, todos seus dias meus amigos!
A melhor fase de nossas vidas é quando estamos em paz e alegres.
A vida, vezes fica recheada de bons momentos, mas para contrabalançar, nos aplica golpes terríveis, tira nosso sossego e nossa paz.
Creio que há uma razão, qual não sei explicar, como pode, de tempos em tempos a vida se transformar em sofrimento.
Nas minhas andanças, venho falar de uma pessoa que amo demais e por favor, não me interpretem mal, preciso comentar fatos reais dos quais podem servir para muitos que sofrem, se mudássemos poderia ser tudo tão diferente.
Hoje falarei de minha mãe.
O que vou relatar deve servir de alerta para todas as pessoas que são portadoras da mesma doença, diabete.
Minha mãe teve uma infância sofrida, triste, com seis anos foi entregue por seus pais, que eram extremamente pobres, para ser empregada domestica, sim, aos seis anos de idade. E isso foi um trauma que minha mãe carregou a vida toda, de certa forma o abandono de seus pais, diria, não abandono absoluto, pois, ela os via toda semana, mas era escrava de uma senhora perversa e má. Quando ela nos conta, a alegria sentida quando via sua mãe e a esperança que aquele seria seu ultimo dia naquela casa, mas nada, minha avó voltava e ela ficava.
E assim foi crescendo na casa dos outros, no quarto de empregada e sempre sozinha com seus medos infantis. Com vinte anos se casou com um jovem pobre. lindamente trabalhador e honesto. Ela aprendeu a ler sozinha, pela sua própria força de vontade. Não houve tempo para escola, houve sim tempo de trabalho e escravidão mesmo sendo branca, a escravidão não escolhe cor de pele e sim classe social. De tudo que sofreu minha mãe jamais conseguiu relaxar e esquecer sua infância, muitas vezes dura com nós, seus três filhos, quando fomos para a escola, o medo que sofrêssemos o que ela passou foi terrível.
Houve um tempo que ela trabalhava durante a noite numa empresa de sucos e de dia fazia faxina, as vezes ela chegava pela manha, sentava na porta e dormia no tapete entre a porta, com a pernas do lado de fora da porta. Acordava tomava um banho e seguia para outra jornada.
Foi sem duvida muito dura a luta de minha mãe. A luta dos meus pais sempre foi extremamente dura e sofrida. A vida não foi justa em nada com eles.
Quando tudo melhorou na vida deles, compraram um grande terreno, construíram três casas no terreno.
Agora que poderiam viver em paz, chega rasgando a vida da minha mãe o diabete e todas as suas conseqüências, anos lutando contra o diabete.
Ano passado um novo pesadelo, um câncer de mama, uma mastectomia radical, e para piorar três coronárias entupidas sem poder fazer safena, os rins dando sinais de paralisação.
A vida de Dona Nena está por um fio, está entre a vida e a morte, cada dia que ela acorda é uma vitória...Todo sofrimento fez de minha mãe uma mulher dura, não aprendeu nada sobre o carinho na infancia, ela sentia ciúme da minha tia mais nova, ao vê-la no colo da minha avó, coisa que ela não teve nunca. O que me dói é saber que ela carregou tanta magoa por toda sua vida, por não ter recebido afeto, demonstrar, ela não soube fazer isso com nós, nem um abraço, nem carinho, não havia tempo, tinha que trabalhar.
Eu sou um ser que preciso tocar as pessoas, então aprendi abraçar minha mãe depois que me casei, eu precisava desses abraços e aos poucos fui ensinando ela me abraçar.
Minha irmã ate hoje não sabe dar um abraço e não gosta que toquem nela, queira Deus que minha irmã aprenda abraçar, é tão bom...eu chego beijo minha mãe e abraço. As vezes aperto minha irmã e ela não gosta, pois não consegue retribuir. Hoje que minha mãe pode nos abraçar, e fica em mim a sensação que pode ser o ultimo abraço do dia...
Sei que tudo isso que estou comentando é doloroso, expor a vida da gente não é fácil, ficamos nus diante da vida, despimos a alma e isso não é fácil não.
Até mesmo, escrever sobre a vida das pessoas que amamos, não é nada fácil. Hoje, o que mais me dói é saber que uma guerreira foi vencida, por uma doença, diabete, e que está a cada dia mutilando um pouco do seu corpo, já perdeu praticamente toda visão, um olho cegou de vez, o outro está com menos de 25% de visão. E sua sentença já foi decretada, cega, sem uma mama, três coronárias entupidas, somente a espera de um enfarto.
Ninguém merece uma sentença dessa depois de tanto sofrimento, me dói saber que, agora que a vida oferece muito mais conforto, não tem mais sentindo, uma semana no hospital, outra em casa, e não há mais tempo para desfrutar de nada bom...as viagens são para o hospital, e o lazer se chama farmácia.
Hoje, ao falar de minha mãe, é um alerta para todos os portadores da doença diabete. E para piorar a situação, o medico da mãe, mais de vinte anos cuidando, sobre um acidente de carro e morre aos cinqüenta anos, deixando minha mãe na terceira idade órfã, bem como todos os demais velhinhos que ele cuidava com tanto afeto e amor. Gaio não era medico, era um amigo dos pacientes velhinhos, era tudo de bom na vida deles, tamanha paciência, e nos poe a pensar, por que ele? Com a morte de Gaio, a mãe morreu um pouco com ele.
Lamento afirmar que a mãe nunca seguiu a dieta como deveria, o medico dela, um confidente, um amigo, brigava com ela o tempo todo, implorava que ela fizesse exercício para baixar o açúcar no sangue, que ela seguisse a dieta, mas parece castigo, vemos o diabético não seguir a dieta e teima com todos que não comeu nada com açúcar, engana a si mesmo, mas não é consciente...odeiam que falem que exagerou nos doces, odeiam que controlem sua vida, foi assim, cansei de ver minha chorar quando nós cobrávamos mais a dieta.
Desde a morte do Gaio, a mãe ficou sem guarida, sem um ombro. Dr. Gaio, um medico paciente com seus velhinhos e terno, uma consulta com ele não ficava menos de uma hora...ouvia pacientemente todos os lamentos de seus filhos velhinhos, ele não tinha pressa, ele era psicólogo, pai, irmão, era tudo para minha mãe
O Gaio brincava com a mãe dizendo: - Ondina se cuide, caminhe menina, vá fazer hidroginástica, e olha essa dieta menina, você pode enganar a você, mas a mim não. Se você morrer quem vai me dar toalhas de banho bordadas com meu nome em todos os natais?
E dava uma gostosa gargalhada, (Ironia do destino, ele que cuidava dos velhinhos, morreu estupidamente num acidente). Por isso digo, ele se foi ainda na flor da idade, com cinqüenta anos, mas partiu de vez e nem sentiu nada. Não sofreu as dores que, minha mãe sofre, hoje, o alerta dele era sempre para com a dores do futuro e o agravamento da doença. Ele previa o que a mãe está passando, ele sabia do agravamento e cobrava muito, mas ela não acreditou que seria assim.
Dr. Gaio implorava para a mãe caminhar todo dia, para queimar o açúcar e ter mais qualidade de vida...mas queria ofender a mãe era pedir para ela fazer caminhada, se bem eu que detesto também. Hoje as pequenas recomendações fazem falta e agravou-se a doença. Primeiro o diabete tirou a visão, depois fez o coração enfraquecer, e os rins dando sinais de paralisação, os pés inchados sempre e roxos.
Ver uma mulher que lutou a vida toda, ir perdendo suas forças ate não poder fazer absolutamente nada é triste demais.
Para os portadores do diabete, hoje, como filha e que sente na pele ver a mãe indo embora lentamente a cada dia passa, e poderia ter sido diferente, se os devidos cuidados fossem seguidos. Quem sabe se fosse seguido todas as recomendações haveria mais chances de não sofrer tanto.
Por isso, venho pedir para todos que tem diabete, sigam as recomendações medicas e por favor, caminhem, caminhem, caminhem. Façam exercícios, façam tudo para não perder a visão, vocês não tem idéia o que é ver minha mãe cair, se bater em tudo, derramar café fora da xícara, e ela ainda nao aceita ajuda, acha que pode tudo e não pode.
Aceitem, pelo amor de Deus, que seus filhos peguem no seu pé, aceitem ajuda dos seus filhos, ninguém quer ver quem se ama sofrendo.
Tenho feito este pedido a uma amiga que, ainda parece não entender meu lamento e pedido urgente, eu estou pedindo socorro por ela, sempre dou uma cutucada para que ela comece caminhar. E por ama-la, espero que depois deste meu relato, aqui em meu diário, ela entenda e passe se amar mais e mais, que tire uma hora do seu dia para fazer deliciosos passeios em forma de caminha na cidade linda onde vive.
Todo mundo acredita que só acontece com os outros, comigo não...não, não é verdade, quando o diagnostico diz que somos portadores de diabete, se não cuidar, coisas terríveis acontecem sim.
Outra coisa, é não esquecer o passado, claro que nosso passado não esquecemos, mas fazer dele um momento sempre vivo dentro da gente, não, as magoas fazem também com que a doença se agrave. Guardar ódio, magoas por pessoas, elas passam e vivem e nós nos destruímos.
Problemas temos todos os dias, mas nossa jornada aqui é tão curta e por isso mesmo que devemos saber o valor da palavra perdão. Para um diabético, o perdão deve ser a principal chave para sua vida, e querer viver em paz, faz com que sua glicose fique baixa, pois, o aumento da glicose, também se dá pelo emocional...parece tão fácil eu falando, mas não é não, sei que não é mesmo, e é por isso mesmo que estou aqui, falando que temos que trabalhar nosso emocional sempre, se não conseguimos sozinhos deve-se procurar ajuda, há tantos profissionais ótimos que podem devolver a paz no coração e sempre há um recomeço do zero para tudo na vida.
Durante muitos anos alimentei magoas, ressentimentos e tudo mais que não faz bem, hoje não.
Não há como esquecer o passado, mas podemos não guardar mágoas, não fico lambendo feridas abertas e mantendo-as vivas. Não guardo nada dentro de mim, não é bom? Fora, jogo fora.
Outra coisa, se não gosto de algo, falo, xingo, resmungo, choro, grito mas não engulo magoas e nem fico macerando elas no meu estomago, as ulceras também surgem das magoas que enviamos para nosso estomago. Por Deus, não gostaria de ver ninguém passar pelo que minha mãe está passando, não quero para ninguém o sofrimento de minha mãe. Então, por favor, siga regras simples de vida, obedeça seu médico. Não guarde nada que possa levar você a limitar sua vida e encurtar seus dias de vida.
Um dia alguém me disse que a morte da gente já está destinada, mas ate ela chegar, vamos viver em paz com nosso coração e com todos que estão a nossa volta.
Deus nos dá a vida, mas o que fazemos com ela é sempre responsabilidade nossa.
Se alguém saiu de sua vida, foi, deixe-o ir sem lamento e sem magoa, não era para ficar ao seu lado, mas se você ama e esta pessoa te ama, certamente um dia retornará, ate lá sorria e viva em paz consigo mesma.
Não siga sofrendo com o que não tem volta e nem siga lamentando as perdas, se abrir bem os olhos, novos momentos surgirão.
As vezes perdemos as pessoas por pequenos mal entendidos, elas partem sem nos dar o direito de pedir perdão, saem justamente por não querer nos perdoar e lá seguem elas com as magoas entaladas em suas vidas.
Tão bom quando conseguimos trabalhar dentro de nós a paz. Hoje, não há mais espaço para pessoas radicais, ditadoras, possessivas de tudo, não somos donos da vida dos outros, sejam filhos, amigos, marido.
Precisamos navegar de acordo com a maré, mas em maremoto-terremoto o ideal é encostar a vida num lugar seguro e esperar tudo se acalmar, né mesmo?
Como sempre afirmo, minhas andanças, é o meu diário, escrevo meu diário e abro para meus amigos ler o que se passa em minha alma, o que estou sentindo. Não há nada literário em minhas andanças, no meu diário.
Hoje, ver minha mãe, tamanho sofrimento, estou aqui para acordar algumas amigas que são portadoras de diabete e não escutam, nem a mim e nem a ninguém, por achar que com elas não vai acontecer, mas está acontecendo com minha mãe. Vai acontecer sim e é triste, se não mudarem sua postura diante de sua própria vida, se não viverem mais leve com seus sentimentos e seguir recomendações medicas, e ainda assim peço, por favor, façam todos os dias caminhadas de uma hora, por favor!
Quem sabe se minha mãe tivesse seguido as recomendações, ela estaria em melhor situação e não sofrendo tanto e agora com medo do seu fim...Quisera eu, pudesse retirar com minhas mãos as suas dores, não posso e peço a Deus que ajude-a a não sofrer mais do que já está...
Registro hoje no meu diário, um alerta para que as pessoas aprendam se desprender do seu passado, por mais triste que tenha sido, já foi, já passou...não volta mais! E cada dia que passa podemos escolher como viver e melhor, a escolha é nossa de mais ninguém.
Então, quem tem diabete, por favor, tire para você mesma uma hora do seu dia, caminhe, caminhe e caminhe para queimar o excesso, e irá se sentir bem mais leve. Era tudo isso que fora pedido para minha mãe e ela por detestar caminhar está pagando um preço tão alto, me dói ver tanto sofrimento.
Hoje minha mãe poderia ter uma vida mais alegre e não tem...e não terá mais! Não tem um só medico que nos dê esperança de melhora.
Todos os dias serão de tristeza e dor.
A alegria que ainda existe em minha mãe é ver meu filho, os netos dela, Thiago e Gabi.
Por favor, você que tem diabete observe que está tudo tão diferente hoje, que você pode fazer bolos sem açúcar, que há chocolates sem açúcar, refrigerantes sem açúcar, balas sem açúcar e não sai mais tão caro como era anos atrás.
A dieta para um diabético é uma dieta rica, leve como qualquer outra dieta, para viver bem com seu corpo e mente...mas de nada adianta seguir dietas e fazer caminhadas, se não aprender se desprender das magoas e não tiver o dom do perdão. A agitação emocional faz sua glicose subir e vai danificando tudo em seu corpo...pense nisso!
O perdão sempre tem que vir acompanhado da paz interior.
Hoje, falei do sofrimento de minha mãe, para não ver algumas amigas sofrer o que tenho visto com minha mãe, e o quanto tenho chorado por não poder aliviar suas dores.
Precisa-se cuidar do corpo, mas acima de tudo, cuidar da alma é essencial....Queira Deus, que minha mãe tenha uma só chance de melhorar e que encontrem a cura do diabete, antes que seja tarde demais para muitos diabéticos.
A doença é mutilante, vai mutilando aos poucos é cruel demais. Mas se tiver uma vida regrada não chegará ao extremo da doença.
Vejo que a hora seria essa, dos meus pais saírem, passearem e ser feliz, não podem mais, pois a doença internou minha mãe dentro dela mesma. Triste demais ver o que tenho visto todos os dias de minha vida.
E registro no meu diário uma historia de dor e sofrimento e um alerta para portadores de diabetes.
Amo minha mãe e faria qualquer coisa para vê-la curada.
Amigos meus cuidem-se por favor
Com carinho
Marillena
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