Envelhecimento



Hoje, olhando meus netos, fundo suspirei
Pela primeira vez, atentamente observei
Aquelas mãozinhas com seus dedinhos
Nos sorrisos doces os pequenos dentinhos
O cabelo fino e ligeiramente ao vento

Olhei  atentamente para os pés pequeninos
Tudo neles é amor, ternura e afeto

Por alguns segundos me senti anciã
Como se algo tivesse envelhecido em mim
Lembranças antigas retornaram, minha avó
Minha mãe se tornando vovó
...e agora eu, vovó

Porém, dentro de mim grita
uma juventude estranha
Que sai abrindo a vida e as entranhas
Brigando com o tempo, lutando com as memórias
Nos anseios secretos que tenho, sonho
O meu momento em prosa agora componho

Uma jovem mulher habita dentro de mim,
Meus olhos tocam tudo com suavidade
A vida segue com tamanha suavidade
Nada vai deteriorando, tudo renascendo
E ainda há tamanha juventude em mim

Envelhecimento?! Não sei ainda
Aprecio todo instante a vida
...e a cada ano que passa
Folhas amareladas amasso
Andando lenta com meu passo
Ajustando todas as mudanças

Uma porção de mim é mulher, vovó
Mas, a minha outra porção
É tão somente coração

Para sempre, para sempre

E uma eterna menina

habito em mim!


Marillena Salete Ribeiro
maio/2004
Videira/SC

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