20130422



COSTUMAVA DIZER


Costumava dizer que:
Não me arrependo do que faço,
Mas sim, o que deixei de fazer.

Porém...
Já me arrependi do que deixei de fazer
E chorei amargamente pelo que já fiz
...erros, muitos foram os erros

Costumava dizer que:
Sou forte e determinada,
Poucas coisas me abalavam..

Porém...
Sou frágil como flor
Determinada?
...e até ponderada?
Sensível demais sei sim
e chorona totalmente
...só não esperava sentir
o chão sumir sob meus pés

Costumava dizer que:
não deixaria a vida
novamente me bater
nem minhas feridas ficaria lambendo
mas, como controlar?
Como evitar chicotas?

Assim...
O verbo rasguei,
meu grito engoli
Briguei  com o mundo
e o mundo sumiu...
Tentei me segurar em pé, lutei
mas, não tem jeito, só sei chorar,
Já é diário o pranto que cai

Costumava dizer que:
De tempos em tempos
Fazer faxina no coração
n'alma e na vida é normal,
...só não sabia que faxinas
sempre levam os podres
e o que de bom temos

Costumava dizer que:
Amores se vão, outros virão
os amigos que se afastam,
é fácil substitui-los
Descobri que nada substitui nada

Costumava dizer que:
Que não lamentaria perdas e danos
os que lamentam é para ser vítima
de si mesmo, para sentir pena de si
e buscar a piedade alheia
...mas, que língua  a minha!
Com o mesmo veneno
ferida fui e  estou
Fui sacudida com um terremoto
E minha vida está de cabeça para baixo

Costumava dizer que:
não quero a piedade de ninguém
que respeito não combina com pena
...mas, como fazer se estou morrendo
de pena de mim mesma?!

Costumava dizer que:
Sonhar é o caminho mais curto
para a realidade, para as verdades
E quem não sonha não vive
Eu, não mais estou sonhando!
  
Costumava dizer que:
Tudo é possível com boa vontade,
luta, garra, coragem e fé
Hoje, me pergunto:
- Onde está tudo que é possível?

Costumava dizer que:
Meus olhos não mais seriam
como chuva na vidraça...embaçados
e eis-me aqui, chorando
não controlo o pranto que cai,
é a correnteza de um rio
E minha vida s'esvai

Costumava dizer que:
Ah! Não direi mais nada...
Até  que eu, recolha meu corpo do chão
e a tristeza embora se for
...até então, não quero falar
de amor, de ódio, de piedade,
de solidão, de sonhos, de nada
...silencio agora, até  quando não sei!



Marillena Salete Ribeiro
abr/2002   


 
Este texto encontra-se protegidos pela Lei Brasileira nº 9.610, de 1998, por leis e tratados internacionais.. 

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