20061015

E por falar em amor, nossos pais...

Bom dia amigos!Dias atrás comentei que este ano foi um ano pesado demais para mim em todos os sentidos. Foi um ano de muito trabalho e de poucos ganhos, o retorno, por pouco não compensaria tanto trabalho, tanto esforço. Foi um ano que parece, que veio justamente para nos alertar para tantas coisas...nos acordar e fazermos ver que precisamos ter coragem, acreditar e rever nossos conceitos. Tenho tentado ser muito forte, mesmo com o coração em pedaços. Hoje, se confirmou que minha mãe tem câncer, terrível, amanha pela manha fará um ultimo exame somente para que tipo...Ela sabe que tem câncer, as vezes o olhar dela se perde no nada, como se buscasse algo além do além. Também conversei com o medico que cuida dela todo esse tempo, ele olhou o exame ainda no laboratório, junto com o outro medico analisaram e acham muito complicado a cura, o menino médico da mãe me disse hoje ao telefone, que está sem esperança, que somente rezando é que podemos encontrar forças para iniciar mais essa luta e alguém sai perdedor, ele torce que o tumor seja o perdedor e que minha mãe vença mais essa etapa. Não tenho mais chorado, mesmo que agora esteja com os olhos marejados e com medo, não nego, estou com medo e isso é ruim bem sei. Sabe amigos, ficamos muitas vezes observando as dores dos outros do lado de fora, ficamos na janela da vida dos outros, só observando suas dores, vezes torcendo que tudo mude para melhor, noutras ficamos indiferentes, não é com a gente. Tantas vezes queremos ajudar mas não podemos, outras vezes ajudamos e se vence...mas quando abre uma grande ferida no nosso coração, aprendemos a duras penas que as dores dos outros, não são menores que as nossas...que o sofrimento dos outros é sempre igual ou maior que estamos sentindo, mas não temos tempo para ver, ate que essas mesmas dores venham bater violentamente em nós...nesse momento acordamos para uma nova realidade que, ate então, era vivida pelos outros, não era com a gente, não entendíamos e as vezes nem mesmo respeitamos a dor dos outros. Lembrei-me hoje da dor do meu ex marido, numa noite, bateu na minha porta chorando e dizendo que meu sogro estava com câncer, na hora não senti a dor dele, sofri claro, sabendo meu sogro era uma pessoa especial para mim, mas a dor do meu ex marido não senti, ate achei que fosse um pretexto para ele entrar na minha casa, e em poucos dias meu sogro faleceu. Hoje, entendo e ate me sinto envergonhada de não entender naquele momento de dor do pai do meu único filho com relação ao meu sogro. sofri muito pelo meu sogro, mas não sofri a dor do Nelso.Por isso, hoje, sei bem como é sofrer por algo que não podemos fazer, a não ser entregar as pessoas que amamos nas mãos de Deus e pedir que Ele tenha piedade de nós. Que perdoe os momentos em que fomos rudes com a dor dos outros, quando não respeitamos o sofrimento de nosso semelhante. Passamos a vida acreditando que nunca ira acontecer com nós, que coisas ruins só batem na porta do vizinho e ate mesmo não respeitamos nossa própria fé, relaxamos em relação a Deus...o que me conforta é acreditar que Deus não é rancoroso, que perdoa sempre seus filhos desleixados. Não entendo nada de merecimento, mas entendo que não merecemos sofrer, mesmo sendo pecadores. E nessas horas, procuramos nos agarrar a tudo e a todos, num pedido entre lagrimas de sangue que nos socorram. Ah meus amigos! Tenho aprendido viver sempre com uma lagrima de plantão, isso, quando não está dependurada nos cantos dos meus olhos. Nunca vou entender os filhos que entregam seus pais para os frios asilos, eu estou aqui numa árdua luta para não entregar facilmente minha mãe para Deus, nem em pesadelo imaginaria entrega-lá num asilo, onde pessoas estranhas cuidassem dela, nem em relação a meu amado pai. Passo horas conferenciando com Deus, por não querer entrega-la para Ele, já nem tenho mais argumentos para esta entrega. Mesmo sabendo que, com o Pai, será nossa ultima morada, ainda assim, meus pais são meu porto seguro. Por isso, neste momento em que estou direto em diálogos com Deus, peço para que todos os filhos pensem muito bem antes de entregar seus pais para estranhos, asilos não são lugares para pais de filhos vivos. Mesmo sabendo que Deus é nosso Pai, ainda assim, tento de todas as maneiras segurar minha mãe mais um tempo perto de nós, sem dores e sem sofrimentos. Nem consigo imaginar minha mãe num asilo, ela está na casa dela, entre as coisinhas dela, e claro perto das filhas, eu e minha irmã. Fico inconformada só de imaginar que ela possa partir, ate não saber exatamente o que será feito para trata-la serão momentos de puro terrorismo para nós, sem esperança para alguns médicos, mas ainda assim, teimo em pedir para Deus, que cuide de minha mãe, que pelo menos esse natal, ela passe bem aqui pertinho de nós, como fora todos os natais de minha vida, nesses meus quarenta e seis anos não passei um único Natal longe dela e do meu pai. E os natais dos pais que estão nos asilos, pessoas estranhas fazendo visitas, confortando suas dores da saudades sentida por seus netos, filhos e quem sabe outros parentes. Será que é um peso tão grande, cuidar e amar as pessoas, que passaram a vida toda, dando o que havia de melhor, que é o amor? Claro que, quando ficamos com mais idade, ficamos ate mais chatinhos, acho que não diria chatos e sim mais carentes. Ficamos mais frágeis, mais tristinhos, mais fracos. Só o amor fortalece, só o amor pode cuidar de nossos pais. Nesse momento em que somos tomados de uma grande dor e o medo de perder minha mãe, quero aproveitar para dizer que, em nenhum momento abandonamos minha mãe e nem meu pai, qual está profundamente triste e também com medo do que está por vir...hoje, pedi que ele tivesse coragem, que fosse forte, que me desse de presente de Natal força e coragem, para que possamos lutar juntos e quem sabe, com muita sorte ver a mãe sair com vida e vitoriosa.Amigos, quem de vocês tem seus pais? Quem tem pai ou mãe em asilo? Não julgo, apenas gostaria que pensassem melhor, no convívio da família eles vivem mais alegrinhos, faceirinhos...Se eles estão lá, você vai duas vezes por semana vê-lo(a)? Vai levar frutas, levar doces, flores para alegrar o quarto? Ou é daqueles filhos que já esqueceram daqueles que um dia te colocaram no mundo? Chamo ingratidão, sim ingratidão a falta de visita, se não pode ter em casa, pelo menos não abandone de todo...Não sei do meu amanha, e por ter um único filho, certamente serei mais uma moradora de algum asilo se viver ate la, mas não carregarei nenhum sentimento dolorido de não ter vivido ao lado dos meus pais ate o ultimo suspiro, o meu ou o deles...Neste meu bom dia, em que amargo cada dia resultados de exames e nada bons, sempre com um horror, podíamos contar com tudo, com toda fragilidade da doença da minha mãe, aprendemos cuidar dela com todas as limitação, mas um câncer agora não...não e não aceitamos...e mesmo assim vamos lutar para vê-la voltar para casa. Voltar para nós!Por isso, meus amigos, meu bom dia de hoje segue para todos os filhos que estão longe de seus pais, filhos daqueles pais que foram jogados nos asilos e esquecidos la como se fossem descartáveis, esquecidos por todos...Repito, se não pode te-los em casa, pelo amor de Deus, visitas duas vezes por semana pelo menos já ajuda matar a saudade que eles sentem. O que mais dói nos pais que estão longe de seus netos, de seus filhos é a saudade de pelo menos ouvir a voz, mesmo que seja duas vezes na semana. As lagrimas que derramo hoje são lagrimas de sangue, estou com medo de entregar minha mãe para Deus, então, imaginem se entregaríamos nossos pais para um asilo, e enquanto houver uma única chance de cura estaremos lutando para te-la perto de nós...Amigos, sei que está ardido este meu bom dia e profundamente triste, mas nesta minha tristeza quero implorar que cuidem de seus pais e se por algum motivo tiveram que coloca-los em asilos, por favor, visitem, imploro que visitem, não abandonem de todo, não esqueçam das pessoas que mais amaram nesta vida, e não tem amor maior que amor de pai e mãe. Claro que há casos de abandono dos pais para com seus filhos, mas isso, é outra historia triste a ser contada...Bom dia meus queridos amigos, e vamos amar nossos pais, estou falando de pais presentes que foram abandonados, não de pais ausentes. Mesmo assim, todos merecem nosso perdão, o perdão ainda é o melhor remédio para nossa alma e corpo.Fiquem todos com Deus, e por favor, se tiverem um tempinho quando estiverem em suas orações coloquem minha mãe e todos as mães que estão sozinhas em algum asilo e sofrendo.bjs ternosMarillena Salete RibeiroEm: 30 de novembro de 2005Videira - Santa Catarina

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